Brandão subiu no telhado
Convidado por Paulo Guedes, André Brandão deixou a direção do HSBC em Nova York para assumir a presidência do BB. A sua principal missão é obedecer a sanha privativista do ministro da Economia, que quer a todo custo vender “a p* do Banco do Brasil”. Brandão vem cumprindo rigorosamente a meta: enxugar o Banco para torná-lo mais competitivo para uma possível venda.
O que o executivo não esperava era um embate direto com o presidente da República. Tudo começou quando Roberto Campos Neto indicou Brandão para o cargo e obteve o sinal positivo de Paulo Guedes sem que Bolsonaro batesse o martelo. Em Dezembro o BB contratou o cantor Seu Jorge para uma live para os funcionários. A chiadeira bolsonarista, alegando que o cantor é esquerdista e que o Banco continua tomado por petistas, chegou ao presidente que ficou incomodado com as críticas.
A reestruturação da instituição com fechamento de agências e demissão de mais de 5 mil funcionários em plena eleição para a presidência da Câmara dos Deputados azedou de vez a relação. Bolsonaro ameaçou demitir Brandão, que foi salvo por Guedes e Campos, e prosseguiu com o plano de reorganização fazendo a promessa de rever fechamento de agências, mas disse que ficaria apenas se pudesse agir tecnicamente.
A trégua durou pouco. Com a eleição de Lira para a presidência da Câmara, o Centrão quer ocupar cada vez mais cargos no governo. A interferência na Petrobras e a fragilidade de Brandão aguçaram os sentidos daqueles que têm a Presidência do BB como alvo. Novamente Brandão subiu no telhado.
As interferências de Bolsonaro nas estatais e o fraco resultado do balanço derrubaram as ações do BB e a pressão sobre o presidente da instituição aumentou. Na sexta-feira (27/02) o executivo manifestou a intenção de deixar o Banco. Confessou a interlocutores que está “cansado de Brasília”.
Farto da politicagem, de ter que abandonar reuniões para comparecer a eventos ao lado de Bolsonaro, de ser ameaçado por fazer seu trabalho, Brandão colocou seu cargo à disposição. O Banco nega qualquer pedido de renúncia, mas parece que o executivo agora está mais confortável “no telhado”. Enquanto isso as ações do BB caíram mais de 4%.
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