Planejamento
Em Fato Relevante, o Banco do Brasil anunciou no dia 11 o fechamento de 361 unidades – 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento. E ainda a abertura de dois Programas de Demissão Voluntária com a previsão de adesão de cerca de 5 mil funcionários. Esclareceu também que a reorganização da rede de atendimento, incluindo o fechamento de unidades, deve trazer uma economia líquida anual estimada com despesas administrativas de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025.
ANABB
Em carta enviada ao presidente do BB, André Brandão, a ANABB afirma que “as medidas transmitem uma percepção de “cortina de fumaça” para encobrir “intenções privatistas” em torno do BB. Para a entidade, o esvaziamento do BB e o enfraquecimento de sua atuação em áreas chave de negócios comprometem sua solidez e seu papel de banco público.
Aval
Toda a reestruturação foi discutida entre o presidente do BB e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que deu o aval. E BB só tornou público o processo depois de submeter todas as medidas ao crivo da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), órgão faz parte do Ministério da Economia.
Pegou mal
Além de Paulo Guedes, o alto escalão do Palácio do Planalto sabia da proposta de reestruturação do Banco, porém a notícia veio em péssima hora. Em meio à pandemia do novo coronavírus, com o desemprego atingindo mais de 14 milhões de pessoas e o anúncio da Ford de deixar o Brasil.
O motivo
A insatisfação do presidente da República veio das reclamações de prefeitos das cidades onde as agências serão fechadas. Muitos deles têm influência sobre deputados que vão eleger o próximo presidente da Câmara.
Fritura
De acordo com o Blog do Vicente (Correio Braziliense) há pelo menos um mês já se observa, dentro do Planalto, algumas críticas ao presidente do BB. Quando o banco publicou o fato relevante ao mercado anunciando seu mais novo processo de reestruturação, a frigideira de Brandão teve o fogo aumentado.
Fritura II
Bolsonaro conversou com Paulo Guedes e Campos Neto (BC), padrinhos de Brandão, sobre seu descontentamento. Na frigideira pode ter espaço para o presidente do Conselho de Administração do BB, Hélio Magalhães, que é grande defensor da privatização do Banco e também teria dado o aval para o plano de reestruturação, além de pedir celeridade no processo.
Ações
A gritaria do Planalto derrubou as ações do BB no dia 14/01 que abriram em baixa e oscilaram muito durante o dia. Houve recuperação depois que o Banco publicou fato relevante informando que não houve comunicação sobre a demissão de André Brandão enquanto Bolsonaro se mantinha em silêncio.
Saia justa
Depois de 24 horas de crise, Guedes e Campos convenceram Bolsonaro a manter André Brandão no cargo. Porém, de acordo com o colunista Lauro Jardim, o estrago está feito. Se Brandão recuar no PDV e fechamento de agências vai perder poder, se continuar, ganha a desconfiança do mercado que pode acreditar que o executivo vai evitar novas medidas que desagradem o Planalto.
Futuro
Tudo pode acontecer: o presidente demitir André Brandão e suspender a reestruturação; manter Brandão e suspender a reestruturação e até mesmo manter ambos. Bolsonaro é imprevisível. De qualquer maneira, qualquer dessas atitudes só virá depois da eleição do presidente da Câmara.
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