Inadimplência no agro reduz lucro e valor de mercado do BB

Inadimplência no agro reduz lucro e valor de mercado do BB

A inadimplência no agronegócio impactou negativamente o lucro do Banco do Brasil (BB), levando-o a reforçar a gestão de risco de crédito. Com 3% dos financiamentos em atraso no primeiro trimestre, a nova regra do Banco Central, que exige provisões para perdas esperadas, agravou a situação. O BB perdeu US$ 4 bilhões em valor de mercado após os resultados, enquanto enfrenta críticas sobre sua gestão e políticas internas.

O domínio do Banco do Brasil em empréstimos para o agronegócio sempre foi visto como uma fortaleza. O banco responde por metade do financiamento que flui para o setor — uma vantagem competitiva em um país que, em linhas gerais, alimenta o mundo.

Mas as taxas de juros, que atingiram o patamar mais alto em quase duas décadas, e os sucessivos reveses nas colheitas deixaram os produtores rurais em uma situação difícil. Eles entraram com pedidos de recuperação judicial no ritmo mais rápido já registrado em 2024, um sinal de crise que repercutiu em todo o setor e ainda não mostra sinais de reversão.

Para piorar a situação, uma nova regra do Banco Central agora obriga os bancos a provisionarem as perdas esperadas e a parar de contabilizar os juros sobre empréstimos em atraso. O Banco do Brasil historicamente era mais conservador do que seus pares, provisionando mais do que o necessário — mas isso mudou recentemente, à medida que buscava melhorar os lucros, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

Então, quando a regra entrou em vigor em janeiro, atingiu duramente a carteira de empréstimos do banco para o agronegócio, de cerca de R$ 400 bilhões. Um relatório da instituição mostrou que a inadimplência acima de 90 dias para empréstimos do agronegócio mais que dobrou, chegando a 3% — um número que o banco havia projetado para o ano inteiro, não para o primeiro trimestre.

O resultado ruim é um problema para a Tarciana Medeiros. Primeira mulher a liderar a instituição bicentenária Tarciana ocupa uma cadeira que tem sido tradicionalmente um reduto de partidos políticos, que nomeiam aliados de confiança para cargos importantes.

A Presidente Medeiros sempre enfrentou críticas dentro do banco por priorizar políticas que não necessariamente estão ligadas à principal atividade, como a área de diversidade, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas ao discutir assuntos particulares. Os resultados ruins do primeiro trimestre afetaram sua imagem.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Medeiros discutiram os resultados do banco, e foi informado de que os recursos do Plano Safra e da colheita melhorarão as perspectivas para o segundo semestre.

Aliados dizem que Lula não tem intenção de substituir Tarciana, mas ela precisará reverter a situação o mais rápido possível — especialmente em um momento em que o governo enfrenta baixos índices de aprovação e resultados econômicos mistos.

Fonte: O Globo-Economia.

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