Acionistas

ACIONISTAS FICAM CONFUSOS COM AS MODIFICAÇÕES NAS AÇÕES DO BB

 

Entenda o que aconteceu com os papéis do Banco nos últimos 10 anos

Subscrição

Depois do mega prejuízo, em 1996 o Banco do Brasil precisou ser recapitalizado e para que o governo não tivesse que injetar dinheiro diretamente na instituição ou salvá-la através do Proer, usou o artifício da chamada de capital para cobrir o rombo. Na chamada de capital, o governo tomou como base a média de preço das ações de um período anterior a divulgação do prejuízo, quando as ações ainda estavam em alta. Na época, o lote de mil ações para a subscrição ficou acima de R$ 13,00 enquanto que na Bovespa os papéis não passavam de R$ 9,00. Com os valores tão acima, o acionista se desinteressou e não fez a subscrição a que tinha direito, até mesmo a Previ, na época não comprou todas as ações que poderia. Assim, o Tesouro ficou com a maioria dos papéis e alijou o minoritário do BB. Depois disto, a participação do minoritário ficou reduzida a pouco mais de 5%. Depois da última oferta pública, ocorrida no ano passado, o Tesouro Nacional possui 68,70% e os minoritários, incluindo a Previ e o BNDES, 31,3%.

Bônus de Subscrição

São títulos negociáveis que incorporam um direito de subscrição de ações do capital social da empresa nas condições constantes do certificado. Assegura-se ao titular do documento o direito de subscrever ações do capital social da sociedade emissora, nas condições especificadas no documento (que pode ser escritural), em especial pelo preço e no prazo definidos, independentemente do valor de mercado ou patrimonial da ação na época da subscrição.
Foram emitidos na época da capitalização e creditados na posição acionária de todos os acionista do BB, na proporção de um bônus para cada ação possuída naquela data, distribuídos da seguinte forma: 20% da série A, 30% da série B e 50% série C. A partir de 19.08.96, foram abertas as negociações com bônus de subscrição nas bolsas de valores. Quem tem direito aos Bônus pode requisitá-los em qualquer tempo, mas deve observar o prazo de negociação dos mesmos. O prazo para a subscrição dos Bônus da série A encerrou-se em 30/06/2001, o da série B em 30/06/2006 e os da série C vão até 30/06/2011. Os bônus não exercidos até a data limite estipulada para cada série serão automaticamente cancelados. O bonista pode negociar a qualquer momento em bolsas de valores, o seu direito aos bônus.

Grupamento

A Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 12 de novembro de 2003, aprovou o grupamento das ações e bônus de subscrição na proporção de 1.000 (mil) ações/bônus existentes por 1 (uma) ação/bônus. Quando promoveu o grupamento, o BB deu pouquíssimas explicações sobre o objetivo do fato. Limitou-se a esclarecer que a medida visava “potencializar o volume de papéis do Banco negociado em Bolsa, reduzir custos operacionais e melhorar o atendimento aos acionistas.” Então a partir de 26.01.2004, passaram a ser negociadas somente quantidades de ações e de bônus de subscrição agrupados, em cotação unitária. Ou seja quem tinha 1000 ações passou a ter apenas uma com o mesmo valor das mil. O problema maior ficou com aqueles que tinham poucas ações e fracionadas. Quem possuía uma fração inferior a unidade de milhar precisava arredondar. Por exemplo, quem tinha 1600 ações precisava comprar mais 400 para ter 2000 que seriam transformadas em 2 ações no grupamento. O acionista que não tomou esse cuidado, perdeu as 600 ações que possuía. A mesma coisa aconteceu com os bônus.

Oferta Pública

Com o objetivo de entrar no Novo Mercado da Bovespa, o BB fez, em junho de 2006, uma oferta pública de ações. A instituição colocou a venda o equivalente a 5,5% do capital total do Banco, sendo que parte pertencia ao BNDES e parte à Previ. A medida era necessária para aumentar o “free-float” (circulação de ações) no mercado. O BB ainda deve fazer novas ofertas até 2009 para atingir os 25% “free-float” exigidos no Novo Mercado. Na época, a demanda pelas ações do BB superou a oferta em 30%. A maioria dos compradores eram de pessoas físicas e muitos são funcionários do Banco.

Novo Mercado

Logo após a oferta pública, o Banco do Brasil ingressou no Novo Mercado. Empresas que fazem parte deste segmento precisam cumprir uma série de exigências, entre elas adotar a governança corporativa. Este é um tipo de administração, segundo o dicionário da Web Wikipédia, onde “sociedades empresariais são dirigidas e monitoradas pelo mercado de capitais, envolvendo os relacionamentos entre acionistas, conselho, diretoria e auditoria. A boa governança realiza estes objetivos em uma maneira essencialmente livre de abusos e de corrupção e com o devido respeito à lei.” Somente uma empresa mais transparente e que respeita o minoritário é capaz de atrair o investidor. Não se pode dizer que o BB tenha atingido a excelência em governança corporativa mas pelo menos está tentando. Até 2011 o BB deve fazer novas ofertas públicas de papéis para atingir os 25% de ações “free-float” exigidos dentro do prazo.

Desdobramento

A partir do dia 04/06/2007 as ações foram desmembradas na proporção de 1 para 3, ou seja, quem possui uma ação recebeu duas gratuitamente. Foi tomada como base a posição do acionista no dia 1º de junho. As novas ações já estão liberadas para negociação e fazem jus integralmente aos proventos que forem declarados a partir dessa data. Não haverá desdobramento dos bônus de subscrição série C (BBAS13) e, portanto a proporção válida para eventual exercício do direito desse título será alterada para 3,131799 ações ordinárias para cada bônus de subscrição. A medida ampliou a quantidade de ações emitidas sem alterar o patrimônio e a participação percentual dos acionistas. O objetivo é favorecer a liquidez e o acesso de pequenos investidores às ações do Banco do Brasil.

Em resumo

As ações do BB ainda são um bom negócio. Basta avaliar sua rentabilidade para ver que o investimento, a longo prazo, é muito mais lucrativo que muitas outras modalidades. Após ser desmembrada, no dia 04/06/07 a ação do BB fechou a cotação em R$ 27,20. Sua rentabilidade nos últimos 30 dias foi de 5,46%. Somente de janeiro a maio deste ano, os papéis valorizaram 32,21% e nos últimos 12 meses a rentabilidade foi de 68,26%. O mesmo acontece com os Bônus C. Eles subiram 8,67% nos últimos 30 dias, 52,70% do início do ano para cá e 106,90% nos últimos 12 meses.
Este histórico busca esclarecer o minoritário quanto a sua situação dentro do quadro acionário. A descrição não nos coloca em posição de aprovação às medidas adotadas principalmente quando as mesmas prejudicam o acionista minoritário e especialmente o funcionário do BB tão importante na governança corporativa. Apesar do Banco estar alardeando a entrada no Novo Mercado ainda adota posturas completamente divergentes à boa governança como, por exemplo, o perdão da dívida dos usineiros, o escândalo do mensalão (até hoje não sem esclarecimentos satisfatórios) e mais recentemente o pacote de maldades contra os funcionários.

Publicado originalmente no jornal da UNAMIBB, Notícias do BBrasil nº 66 de Maio/Junho de 2007

pdf-icon

Notícias sobre ações