Resiliência
Depois de uma semana tumultuada com especulações sobre a demissão de André Brandão da presidência do BB, o governo bateu o martelo: ele fica e a reestruturação também. A principal justificativa para as demissões é que o PDV é voluntário. Sobre a chiadeira de deputados e prefeitos no fechamento de agências, é possível que haja uma revisão de parte das unidades que seriam fechadas, com substituição por outras. O objetivo e tornar o BB mais competitivo para torna-lo mais atraente numa possível privatização. Sobre a venda, o presidente da República só admite falar no assunto em 2023, depois de sua possível reeleição.
Resistência
Funcionários do Banco resistem ao PDV. Eles alegam que pode haver prejuízos quanto aos planos de saúde e aposentadoria. Assim, dos 5 mil que poderiam aderir à demissão apenas 2 mil aceitariam sair. Representantes dos funcionários tentam reverter a reestruturação junto à Direção do BB e ao Congresso Nacional. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o presidente da Anabb, Reinaldo Fujimoto, afirmou que não se pode agradar aos investidores deixando de lado as questões sociais. Disse ainda que “as inovações tecnológicas são fundamentais para o sistema financeiro, mas o que temos visto é um volume enorme de trabalho nas agências, sobrecarregando os caixas e funcionários na linha de frente. Então, é preciso satisfazer os clientes, ser competitivo, investindo em pessoas e em tecnologia, com a mesma ênfase”.
Protestos
Contra o Plano de Adequação de Quadro (PAQ), os funcionários do BB, apoiados pelo sindicato, protestaram com faixas e cartazes por todo o Brasil e lançaram a hashtag #MeuBBValeMais. Em reuniões virtuais resolveram fazer uma paralização de 24 horas no dia 29/01. O sindicato convocou uma assembleia virtual para decidir sobre a paralização do dia 29.
Tecnologia
Com o crescimento dos bancos digitais, das fintechs e menor demanda nas agências, o Bradesco fechou 1.100 agências no ano passado e o Itaú, 128. Pesquisa realizada pela Incognia, no fim do ano passado, revelou que 75% dos brasileiros já se dizem dispostos a trocar um banco tradicional por um banco digital, pois consideram que o mais relevante hoje no sistema financeiro é a boa experiência e os baixos custos. Mas, como lembrou o presidente da Anabb, muita gente ainda resiste ou não sabe usar as ferramentas digitais.
Recado
Com a interferência do governo e o protesto de funcionários, o Conselho de Administração do Banco do Brasil chamou para si a responsabilidade de continuar com o PAQ. Reunido no dia 21/01, os conselheiros não só ratificaram a reestruturação como passam a fiscalizar seu cumprimento para que sejam executadas exatamente como foram aprovadas. Assim, o órgão máximo do BB se posicionou ao lado de Brandão e deu um claro recado ao mercado sobre governança. Na ata, o conselho atesta sua posição quando diz: “A aprovação dos programas cumpriu toda governança da companhia, tendo transitado, inclusive, pela Secretaria de Coordenação e Governança das Estatais (Sest) do Ministério da Economia”. Também classificou de graves especulações as notícias sobre a demissão de Brandão que fizeram as ações do Banco caírem de preço na Bolsa e serem retiradas das carteiras de indicações de várias corretoras.
Seguindo em frente
Enquanto aguarda a possibilidade de privatização, o BB tenta novamente a venda da BBDTVM. Em discussões sigilosas, o BB informou às partes interessadas que aguarda propostas no próximo mês (fevereiro/2021). A gestora de recursos já esteve a venda no início do ano passado. A negociação foi suspensa quando o Banco considerou as propostas muito baixas. A BB DTVM é a maior administradora de recursos do Brasil e teve cerca de 1 trilhão de reais em ativos sob gestão em 2020.
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